Opinião: Raquel acerta ao escalar técnicos de sua confiança para Equipe de Transição. Calma, senhores políticos, Secretariado vem depois.

 

Raquel Lyra e Priscila Krause recebem governador reeleito do RS, Eduardo Leite, no escritório de transição do futuro governo de Pernambuco. Foto: Divulgação/Assessoria


As críticas contra a escalação de técnicos para a Equipe de Transição da governadora eleita Raquel Lyra só fazem sentido para aqueles que não prezam por uma gestão de qualidade, para aqueles que pensam que a máquina estatal deve estar a serviço de interesses dos políticos e não a serviço das políticas (públicas).

Ansiosos por saberem qual será seu quinhão na repartição dos cargos e recursos, alguns políticos se escondem atrás de artigos agressivos assinados por terceiros, na tentativa de pressionar a governadora a colocar o carro adiante dos bois. anunciando secretários antes mesmo de saber as reais condições em que receberá o Estado.

Depois de 16 anos de um único grupo comandando o Estado, sem que a transparência fosse um norte, é louvável que Raquel tenha tido o cuidado de buscar um diagnóstico do tamanho do problema que terá nas mãos a partir de janeiro de 2023. Na coordenação, colocou Priscila Krause, sua vice, que é uma política que se especializou em fiscalizar a máquina pública.

Não devemos esquecer que a falta de transparência do governo Paulo Câmara foi alvo de recomendações, representações e ações do Ministério Público Federal e do Ministério Público de Contas, de modo que não seria prudente, nem responsável, que a próxima governadora não utilizasse os dias que antecedem à sua posse para abrir a “caixa de pandora” do governo que se encerra.

Todo gestor, quando está de saída, propaga que deixa as contas ajustadas e dinheiro em caixa, mas a verdade só vem à tona quando o sucessor assume, muitas das vezes, deparando-se com situação bem diversa da propagada. É exatamente isso que a escolha de técnicos da confiança do gestor para o diagnóstico, leia-se, Equipe de Transição, tenta prevenir.

O cúmulo da desonestidade intelectual é criticar a origem dos técnicos da transição dentre aqueles que já trabalharam com a futura governadora na Prefeitura de Caruaru, de onde Raquel saiu com mais de 80% dos votos. Primeiro, demonstra enorme preconceito contra o interior do Estado, como se gestões exitosas e aqueles que as fazem devessem ser subestimados pelo simples fato de serem interioranos. Segundo, porque destoa da decisão soberana do povo pernambucano, que preteriu, por exemplo, Marília Arraes, que foi secretária de Geraldo Julio, portanto, da Capital e Danilo Cabral, que foi secretário de Paulo Câmara, portanto, do Estado, para que Pernambuco venha a ser governado pela ex-prefeita de Caruaru.

A campanha de Raquel Lyra foi essencialmente pautada por seu trabalho como gestora de Caruaru. O povo pernambucano ouviu suas propostas e balanços do que foi feito por lá e aprovou. Foram 18% a mais de votos do que aqueles dados à candidata da Capital, onde, aliás, Raquel também venceu, o que demonstra que até o povo do Recife quer saber como é ser governado pela ex-prefeita de Caruaru. Quem reclama da origem dos integrantes da transição queria o quê? Que Raquel convocasse assessores da confiança dos que perderam a eleição? Governo novo se faz com pessoas novas, diferentes. Nem João Campos, que sucedeu o aliado Geraldo Julio, manteve a turma de Geraldo em sua gestão, à exceção de um nome ou outro. Por que Raquel, que se elegeu como oposição e promessa de mudança ao que está aí, deveria se utilizar daqueles que prestam serviços ao time derrotado? Aliás, a governadora já disse em entrevista dada após eleita, exatamente isso, que não manterá secretários da gestão que se vai.

A exitosa gestão de Raquel Lyra em Caruaru é mérito dela, mas é também mérito de sua equipe, equipe esta que ela, que já provou ser inteligente, levou para sua equipe de transição e que, naturalmente, ocupará alguns pontos chaves de seu futuro governo. Isso não quer dizer, obviamente, que governará apenas com essas pessoas. No tempo certo, com a devida responsabilidade e critério e de posse do diagnóstico do Estado que receberá para governar, ouvindo os Partidos que comporão sua base de apoio, Raquel Lyra escolherá seus secretários, dirigentes de estatais e demais órgãos do Estado. E ali, por certo, contará não apenas com técnicos, mas, certamente, com políticos. Portanto, calma, senhores políticos, sua hora vai chegar. Por que a pressa? Por que tentar pressionar a governadora com o plantio de matérias desrespeitosas em veículos que ninguém respeita?

Já ouvi sobre murmúrios de deputados que sequer apoiaram Raquel, preocupados de que ela venha a montar um governo de técnicos. Isso vindo de parlamentares que passaram os últimos anos apoiando Paulo Câmara, que era “acusado” de ser apenas um técnico. Chega a ser hilário.

O povo de Pernambuco espera que Raquel Lyra faça um governo técnico porque quem move a máquina pública são os servidores técnicos, os que permanecem, independentemente do grupo político que esteja no comando. Quer também que Raquel seja política, para garantir recursos e governabilidade que permitam que o Estado deslanche, principalmente, no combate às desigualdades. Foi assim que ela se apresentou e foi por isso que se elegeu, como alguém que tem não apenas experiência política, mas também que tem conhecimento técnico para não mergulhar o Estado em um barco à deriva do costumeiro clientelismo.

Aliás, compará-la com Paulo Câmara que virou governador sem jamais ter disputado uma eleição e sem saber o que era ser político é outra desonestidade. A diferença entre Raquel e Paulo está exatamente no fato de que se este era apenas um técnico, sem traquejo político, Raquel é os dois. Tem perfil técnico por ter sido advogada da Caixa Econômica, Delegada da Polícia Federal, Secretária de Estado e, atualmente, Procuradora do Estado, mas, também, tem a experiência política de quem já foi deputada estadual e prefeita de uma cidade importante como Caruaru.

Eu também estou curiosa para saber quem serão os comandantes das Pastas mais importantes do futuro governo, principalmente para ter uma ideia do perfil que este terá, em especial, na Educação, na Saúde, na Segurança Pública, na Cultura, no Desenvolvimento Econômico, na Justiça, na Diversidade, na Assistência Social, etc., mas estou muito mais interessada, neste momento que precede o governo em si, em saber que abacaxis esses futuros gestores terão para descascar e com que recursos contarão para fazê-lo, se é que contarão. E imagino que quem vier a assumir tais postos também gostará de saber o tamanho da responsabilidade que terá em mãos.



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