Alvo da PF, Secretário de Paulo Câmara diz à Justiça que pagava aluguel barato por imóvel de fornecedor do Estado por causa da "crise"

Renato Thiebau / Foto: Reprodução

 

 

Documentos entregues pela própria defesa de Renato Thiebaut à Justiça Federal, apontam para pagamentos de alugueis em valores inferiores a 50% daquele de mercado por imóvel de luxo de fornecedor do governo. Avaliado em R$ 1,1 milhão, imóvel deveria ser alugado por pelo menos R$ 5,5 mil, mas secretário pagava apenas R$ 2 mil. Polícia Federal vê irregularidade na operação

Com o levantamento do sigilo da Cautelar Criminal nº 0808941-89.2021.4.05.0000, que autorizou a deflagração da Operação Articulata, da Polícia Federal em Pernambuco e que teve como alvos o secretário de Projetos Especiais de Pernambuco, Renato Thiebaut e os empresários Sebastião Figueiroa e Luciano Cyreno Ferraz foi possível constatar que, de fato, o secretário reside em um apartamento de luxo de propriedade de Sebastião Figueiroa, que é um dos principais fornecedores do Estado de Pernambuco, com quem mantém ou manteve contratos superiores a R$ 130 milhões.

Inicialmente, a Polícia Federal apontou que o secretário moraria no imóvel, adquirido em 2017, pelo valor de R$ 1,1 milhão, sem qualquer contrapartida. A defesa do secretário, no entanto, alega que o imóvel foi alugado em 2018, pelo valor de R$ 2 mil, tendo a Imobiliária Caraciolo como intermediária. O contrato e comprovantes de pagamentos foram anexados aos autos, bem como a renovação do contrato em outubro de 2021, passando o aluguel para R$ 3,8 mil. 


 

 



Apesar da juntada de documentos atestando o pagamento de aluguel pelo imóvel de um dos principais fornecedores do Estado, resta ainda explicar as razões pelas quais o secretário pagaria valor muito abaixo do de mercado para aquele bem. É que a documentação juntada pela Polícia Federal comprova a compra do imóvel, ainda em 2017, conforme visto, pelo valor de R$ 1,1 milhão. Para o cálculo do valor a ser cobrado por um aluguel, apura-se, segundo o mercado imobiliário, valor que pode variar entre o mínimo de 0,5% e o máximo de 1,0% sobre o valor de mercado do imóvel. Já os alugueis de casas e apartamentos entre 2 e 3 quartos custariam 0,75% do valor do imóvel.

Sendo assim, ainda que fosse cobrado o valor mínimo de 0,5%, se o imóvel foi comprado por R$ 1,1 milhão, o valor mínimo de mercado desse aluguel não poderia ser inferior a R$ 5,5 mil, ou seja, mais que o dobro do que aquele que a defesa de Renato Thiebaut afirma ter sido pago durante os 36 meses de locação, encerrados em agosto de 2021 e renovados em outubro de 2021, por apenas R$ 3,8 mil, quando o investigado já fora alvo de outra Operação juntamente como seu locador, no caso, o empresário e fornecedor do Estado, Sebastião Figueiroa.

Chama atenção, portanto, que mesmo após renovar o contrato, o valor do aluguel segue muito abaixo daquele de mercado.

Confiram: Cálculo de aluguel – Aprenda definitivamente como fazer 

A defesa alega que o aluguel foi estipulado nesse valor, muito abaixo do de mercado, em razão da crise no mercado imobiliário com muita oferta de imóveis. Entretanto, notícias recentes dão conta de que a capital pernambucana ocupa hoje a segunda colocação entre as capitais de alugueis mais caros do País, perdendo apenas para São Paulo. O fato foi inclusive objeto de matéria publicada no Diário de Pernambuco, segundo a qual Aluguel no Recife é o 2º mais caro do país, indica pesquisa FipeZap.

 

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