APÓS CHAMAR O DIÁRIO DE PERNAMBUCO DE "PORCARIA", ALEXANDRE RANDS DEMITE, JUNTAMENTE COM O IRMÃO MAURÍCIO, QUE JÁ FOI ADVOGADO DO PRÓPRIO SINJOPE, 30 JORNALISTAS NEGANDO-SE A PAGAR DIREITOS, DENUNCIAM SINJOPE E DA FENAJ

Fundado em 7 de novembro de1825, pelo tipógrafo
Antonino José de Miranda Falcão, o Diário de Pernambuco
é o jornal mais antigo em circulação na América Latina

Em dura nota divulgada hoje (29) e que pode ser acessada AQUI, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam veementemente, diz a nota, o que consideram "o extremo desrespeito com que os sócios majoritários do Diário de Pernambuco, os irmãos Alexandre e Maurício Rands, procederam em relação ao desligamento de cerca de 30 jornalistas", ocorrido no final da tarde de ontem (28).

Segundo a nota, o "passaralho", termo utilizado para nominar as demissões em massa ocorridas nas redações de jornais, praticamente dizimou três Editorias: Esportes, Fotografia e o Caderno de Cultura que no Diário leva o nome de "Viver".



A nota revela realidade vexatória para os sócios majoritários do Diário, um deles um ex-advogado sindical que fez carreira e até conquistou por duas vezes o mandato de deputado federal, pelo Partido dos Trabalhadores, justamente levantando a bandeira dos direitos sociais da classe trabalhadora, o hoje empresário e advogado de empresas, Maurício Rands, que trocou o PT pelo PSB, há alguns anos e o outro, o seu irmão, que de dono de uma empresa de consultoria e de pesquisas, a Datamétrica, fez fortuna de forma meteórica ao catapultar sua pequena empresa de consultoria para  a condição de potência da precarização de mão-de-obra explorando o nicho dos chamados Call Centers, tendo conquistado, apesar da pouca experiência, naquela época, contratos de empresas como a COMPESA, a SABESP, a Claro, a Embratel e o Call Center do INSS, durante a chamada "Era Lula", por licitação, é bom que se diga.




Apesar desse histórico que deveria fazer desses empresários pessoas extremamente gratas aos trabalhadores que os transformaram em homens milionários, a realidade parece ser outra, pois, segundo a nota do SINJOPE e da FENAJ, os irmãos Rands teriam não apenas demitido 30 jornalistas, mas deixado de pagar seus direitos trabalhistas e previdenciários, sendo-lhes atribuída uma gestão "irresponsável", "enquanto a ineficiência reinava na demolição de uma empresa histórica."

A nota ainda denuncia "atrasos de salários e férias, falta de depósito de FGTS e de recolhimento de INSS", situação que afirmam também ser vivenciada pelos jornalistas da Folha de Pernambuco.

Segundo a Nota, o presidente do Diário, empresário Alexandre Rands, teria afirmado perante o procurador do Trabalho Marcelo Crisanto, em audiência de mediação, na Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região, que demitiria os jornalistas e que o faria sem pagar o que lhes devia, ou seja, sem quitar seus direitos trabalhistas e previdenciários. Alexandre Rands teria chegado ao cúmulo do desrespeito ao chamar a própria empresa, que por ser o mais antigo jornal em circulação na América Latina é não apenas um ícone da empresa brasileira, mas uma instituição do povo pernambucano, de "porcaria".



Para espanto nosso, os irmãos Rands parecem nutrir verdadeiro ódio pelo Diário de Pernambuco, pois segundo a nota, a "forma desrespeitosa como o dono da empresa se referiu ao DP foi um extremo, mas não novidade. Profissionais jornalistas já vinham sofrendo constrangimentos em entrevistas e eventos, nos quais as palavras pejorativas partiam da própria direção contra a empresa e contra profissionais que, diferentemente, vestiam a camisa, se doíam, mas não se sentiam em condições de reagir. Esse, aliás, é um forte sintoma do tipo de gestão que assumiu o DP numa transação desastrosa, que, justiça de faça, foi apenas mais uma “bomba” a lhe comprometer a subsistência."

Leiam a nota da íntegra:

Incompetência transforma jornal histórico em velhaco e profissionais arcam com a conta
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam veementemente o extremo desrespeito com que os sócios majoritários do Diario de Pernambuco, os irmãos Alexandre e Maurício Rands, procederam em relação ao desligamento de cerca de 30 jornalistas, nessa quarta-feira (28).
Três editorias foram praticamente extintas: Esportes, Fotografia e Viver (cultura). E isso no horário do fechamento das páginas. Enquanto alguns tentavam desatar o nó do travamento da edição, profissionais dispensados deixavam a redação sob aplausos merecidos. Para quem ficava restava a expectativa se teria o nome chamado e a certeza de que o DP se esvaziava de competências enquanto a ineficiência reinava na demolição de uma empresa histórica.
O que para a maioria da sociedade pode ser motivo de espanto, surpresa, para o meio da mídia e principalmente do Jornalismo é uma nefasta tradição. O DP vive a “crise extrema da vez”, como há décadas viveu o Jornal do Commercio (JC), recuperado após uma corajosa e histórica greve de jornalistas e gráficos. E, em muitos aspectos – atraso de salários e férias, falta de depósito de FGTS e de recolhimento de INSS – o quadro do DP se assemelha ao vivido há anos pela Folha de Pernambuco (FolhaPE). E isso para citar apenas o segmento de impressos, pois na radiodifusão campeiam arrendamentos e vendas de espaços de modo nebuloso, quase sempre ao arrepio da Lei.
Se há novidade no desmonte do DP é o fato de que, em tempos de Internet e novas alternativas de mídia, já não é tão definitiva uma frase muito conhecida na área da comunicação: “Nossa dor não sai no jornal!” Agora, em tempos de alternativas como a Marco Zero Conteúdo, em plena mediação na PRT6/MPT, o presidente do DP reafirmou perante o procurador Marcelo Crisanto que efetuaria dispensas sem quitar direitos previdenciários e trabalhistas. Pior, Alexandre Rands, se referiu à empresa, diante de profissionais presentes na mediação, como “porcaria”. Virou matéria da Marco Zero. Custou caro. Nossa dor saiu na Internet.
A forma desrespeitosa como o dono da empresa se referiu ao DP foi um extremo, mas não novidade. Profissionais jornalistas já vinham sofrendo constrangimentos em entrevistas e eventos, nos quais as palavras pejorativas partiam da própria direção contra a empresa e contra profissionais que, diferentemente, vestiam a camisa, se doíam, mas não se sentiam em condições de reagir. Esse, aliás, é um forte sintoma do tipo de gestão que assumiu o DP numa transação desastrosa, que, justiça de faça, foi apenas mais uma “bomba” a lhe comprometer a subsistência.
O DP sofria há décadas do esvaziamento financeiro por gestões inábeis. Mas é importante frisar que os erros dos irmãos Rands vão além dos que confessou Alexandre na PRT6/MPT, quais sejam: fazer uma aquisição de modo equivocado e não saber conduzir a empresa para uma regularização. Os erros dos Rands se mostram como possível pá de cal sobre o DP.
Dirigentes do Sinjope e da Fenaj e profissionais vinculados à empresa tentavam construir uma alternativa de salvação do DP e das vagas de trabalho numa mediação na PRT6/MPT. Alexandre Rands optou por quebrar a linha de entendimento, sonegar números e efetivar demissões em massa sem concluir o processo de mediação.
Ao Sinjope e à Fenaj resta fechar o cerco a esse tipo de abuso de modo contundente. Recorrer à PRT6/MPT, à Justiça do Trabalho e a todas as instância que sejam necessária para impor o peso que merecem arcaícos e retrógrados donos de empresas de comunicação. E, também, estimular a categoria a exercitar novas formas de modelos de negócio jornalísticos de fato, porque certamente o modelo tão caquético quanto velhaco devem ser sepultados junto com a incompetência dos que se abraçam com ele.
Sinjope e Fenaj
Recife, 29 de março de 2018.

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