IPOJUCA, PIB AMERICANO, IDH DO SRI LANKA!
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Foto: Jornal do Commercio Despejo dos moradores da Vila do Campo por ordem do governo Eduardo Campos |
O Município de Ipojuca, antes notável
por suas belíssimas praias, cujo exemplo máximo é a internacional Porto de
Galinhas, recentemente passou a estampar as páginas dos jornais e o noticiário
em geral, não mais pela excelência de suas riquezas naturais, mais por outro
tipo de riqueza, uma riqueza que se alimenta da degradação da primeira e da espoliação
da classe trabalhadora.
Ipojuca, hoje, ostenta, com orgulho
questionável, o segundo maior Produto Interno Bruto do Estado de Pernambuco,
superando Jaboatão dos Guararapes e permanecendo, por enquanto, atrás, apenas,
da Capital, Recife. Enquanto o PIB de
Ipojuca saltou para 9,03%, entre 2008 e 2009, o do Recife, caiu para 31,67% e o
de Jaboatão também apresentou retração para 9,01%, no mesmo período.
Dados
da Agência Condepe/Fidem nos dão conta de que as maiores contribuições para esse
crescimento de Ipojuca vieram das atividades de comércio, principalmente o
atacadista de combustíveis (álcool, gasolina e gás liquefeito de petróleo), a
indústria de transformação e os transportes, com destaque para o modal
rodoviário. E a tendência é a de que essa participação continue crescendo por
causa de Suape.
Mas toda essa riqueza,
desgraçadamente, não se traduz em qualidade de vida para os mais de 80.000
ipojucanos. Se observarmos, principalmente, que o PIB per capita ipojucano, ou seja, o volume de riquezas que é gerado no
território de determinado lugar dividido pela população ali existente é de R$
84.405,26, o maior de Pernambuco e muito superior, por exemplo, que o da
capital do estado, que é de apenas R$ 14.485,67, a situação do povo de Ipojuca
se mostrará vexatória e eu diria até criminosa para seus atuais governantes e
todos que os apoiam.
O PIB per capita de Ipojuca chega a ser 8,6% maior que o dos Estados
Unidos, que é de US$ 46.300,12. Quando verificamos, porém, o Índice de
Desenvolvimento Humano, o IDH de Ipojuca, verificamos que se revela um dos
piores do estado, numa escandalosa contradição com o PIB per capita orgulhosamente ostentado pelo governo atual. Se
considerarmos apenas a Região Metropolitana do Recife, a Ipojuca do PIB per capita que se apresenta maior que o
dos Estados Unidos, coloca-se no penúltimo lugar, quando o assunto é
desenvolvimento humano, com um índice de 0,658, superior apenas ao de
Araçoiaba, com 0,637. O IDH é o índice que mede o desenvolvimento humano de
cada lugar, com base na expectativa de vida ao nascer e na educação, por
exemplo.
Enquanto Ipojuca tem uma produção de
riquezas per capita superior à dos
americanos, os trabalhadores ipojucanos, que produzem essa riqueza, vivem em
condições degradantes, a ponto de seu desenvolvimento humano ser o penúltimo,
dentre todos os demais da região metropolitana, igualando-se ao de países
paupérrimos da Ásia, como é o caso do Sri Lanka, cujo PIB per capita é de
apenas R$ 6.546,15.
Enquanto a capital Recife arrecada,
em média, R$ 467,04 por habitante, a prefeitura de Ipojuca arrecada quase o
dobro, ou seja, cerca de R$ 905,80 por ipojucano, sendo, portanto, novamente, o
maior índice do Estado de Pernambuco.
De se questionar, portanto, o porquê
de um IDH tão baixo! De se questionar o porquê das péssimas condições de vida
do povo ipojucano e da ausência de políticas públicas que atendam aos reais interesses
do povo de Ipojuca.
Ipojuca já pode ser tomada como um
exemplo clássico da falácia do discurso de que é possível governar para todos.
Para tanto é só comparar o PIB per capita
e o IDH de Ipojuca e saberemos perfeitamente para quem a Frente Popular
governa. Evidentemente não governa para a classe trabalhadora!
Gravíssima a situação de espoliação
vivida pelos trabalhadores do Complexo Industrial e Petroquímico de SUAPE. Uma
verdadeira terra de ninguém, quando o assunto são os direitos trabalhistas. Mas
que se transformou em verdadeiro paraíso fiscal para os donos do capital
transnacional que é sofregamente “captado” pelo governo Eduardo Campos.
As denúncias são estarrecedoras e nos
remontam à época da Revolução Industrial. Em audiência pública realizada na
Assembleia Legislativa, um dirigente regional da Federação Interestadual dos
Metalúrgicos chegou a relatar problemas dos funcionários do Estaleiro Atlântico
Sul, onde a carga horária é de 12 horas por dia de domingo a domingo, a
alimentação fornecida é de péssima qualidade e a pressão para produzir com
rapidez é enorme.
Se toda essa exploração da classe
trabalhadora já não fosse suficientemente revoltante, os relatos colhidos da
audiência pública ainda dão conta de que os profissionais trabalham confinados
dentro de estruturas de ferro sem ventilação, com graves danos à sua saúde.
O assédio moral é intenso. Em visita
realizada aos canteiros de obra das empreiteiras de SUAPE, uma comissão formada
por entidades ligadas aos movimentos sindicais e sociais colheram o seguinte
depoimento, de um operário da construção civil:
—
Somos chamados de cachorros por encarregados, gerentes e patrões. Quando reclamamos, do péssimo
tratamento, das horas extras que quase nunca pagam e das péssimas condições de
trabalho, eles gritam com a gente coisas como: "vocês eram cortadores de
cana, passavam fome e hoje tem profissão e salário, tão reclamando de que? Até
fardinha vocês tem." Veja que absurdo! — indigna-se o trabalhador.
Indignemo-nos também!
Parabéns Noelia, ganhasse um fã!
ResponderExcluirParabéns nobre colega pela coragem e compromisso para com a verdade.
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