PROTESTOS PRÓ-IMPEACHMENT ESVAZIADOS PROVAM QUE O POVO CANSOU DE OPORTUNISTAS E MORALISTAS SELETIVOS
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Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Antônio Campos (PSB) no ato em defesa do Impeachment de Dilma, ontem, no Marco Zero (Foto: Facebook de Antônio Campos) |
Estive
refletindo sobre as movimentações dos políticos que foram ontem tirar proveito
eleitoral das manifestações pró-impeachment ocorridas pelo País afora e aqui no
Recife, no Marco Zero. A primeira
conclusão é a de que, por assim dizer, “quebraram a cara”, pois o proveito
político-eleitoreiro pretendido foi nulo.
O
erro de avaliação cometido pelos políticos pró-impeachment é típico de quem não
tem a capacidade de interpretar o sentimento popular, pela simples razão de que
esses políticos não se misturam com o povo de verdade. Em vez de ouvirem o
povo, insistem em impor, ainda que subrepticiamente, suas vontades cheias de
interesses pessoais. Aliás, o professor Adriano Oliveira, cientista político
especialista em análises de pesquisas eleitorais, com várias obras sobre o
tema, tem postado, com frequência, em sua página pessoal no Facebook, avaliações
altamente pertinentes e abalizadas e que têm passado despercebidas por seus
destinatários principais, que são esses políticos que insistem em não ouvir e
apenas gritar, mais alto, suas vontades, até que se tornem “verdades”.
É
impressionante como as colocações do professor Adriano Oliveira, de uma
precisão desconcertante, têm sido ignoradas de lado a lado. Em recentes
postagens, o professor lembrou que “Entre 2012 a 2014, os gastos públicos
aumentaram e as pedaladas fiscais ocorreram. Neste período, Dilma tinha alta
popularidade. Em junho de 2013, ocorre inflexão na popularidade de Dilma. Mas
em 2014, Dilma é reeleita. Portanto, as pedaladas serviram para manter ou
aumentar a popularidade de Dilma. Neste caso, os eleitores veem as pedaladas
como motivo de impeachment ou as condições econômicas?” Pouco antes, Adriano
questionara: “Prefeitos, governadores e presidentes da República precisam
falar. Ao falarem, os eleitores são provocados, e constroem opiniões diante de
tantas opiniões que chegam diariamente até eles. Por que a presidente Dilma não
faz pronunciamento a nação explicando as pedaladas fiscais? Neste caso,
mostrando as razões e os objetivos.”
Adriano
Oliveira aponta, por um lado, o equívoco de se querer destituir Dilma por causa
das chamadas “pedaladas fiscais”, pois quanto mais Dilma “pedalou”, já que as “pedaladas”
visavam financiar não qualquer ato de corrupção, mas os programas sociais, mais
Dilma se fez querida e popular perante a opinião pública. Já por outro lado, o
cientista político da UFPE e do Instituto Maurício de Nassau destaca a péssima
comunicação do governo Dilma, quando deixa de esclarecer à opinião pública
sobre os motivos que a fizeram “pedalar”.
Então,
o que se percebe e é possível que boa parte da população tenha, apesar da
péssima comunicação do governo Dilma, também, se apercebido, é que uma caterva
de malfeitores, capitaneados pelo malfeitor-mor, Eduardo Cunha e por seu
lugar-tenente, Paulinho da Força, um vendilhão de greves e corrupto também
denunciado por assaltos ao Erário, como Cunha, seu chefete, estão ávidos, como
hienas famintas, para destituírem uma presidente não por ter, como eles,
roubado o povo, mas, muito pelo contrário, por ter feito manobras contábeis,
mesmo que de maneira reprovável, para usar o dinheiro dos bancos públicos para
que os projetos assistenciais do governo, como Bolsa-Família, Minha Casa, Minha
Vida, Prouni, dentre outros, não sofressem solução de continuidade.
Os
que esperavam encontrar uma multidão que os aclamaria como salvadores da
Pátria, por serem fiadores de um impeachment que tem como articulador principal
alguém denunciado pelo procurador-geral da República por crimes que somadas as
penas, alcançam mais de 178 anos de prisão. Falo de Eduardo Cunha, que só
aceitou o pedido de impeachment contra Dilma, esse avalizado por Jarbas
Vasconcelos (padrinho do eterno suplente de vereador e secretário de Geraldo
Júlio, Jaime Asfora), do PMDB, por Bruno Araújo e Daniel Coelho, do PSDB, por
Antônio Campos, do PSB e que usa o prestígio do irmão falecido, Eduardo Campos,
como plataforma política e por Mendocinha, do DEM, que ressurgiu das cinzas e
do ostracismo político por ter o impeachment como única razão de viver, encontraram,
tão somente, algumas dezenas ou centenas de pessoas que ideologicamente já se
posicionam à extrema direita e cujo apoio ao afastamento de Dilma, conduzido e
manipulado por corruptos e corruptores denunciados por corrupção e outros
crimes, como o próprio Cunha e seu capacho Paulinho da Força, ainda que a esta
não se possa atribuir qualquer crime, é-lhes totalmente indiferente, o que, em
si, já demonstra certa irracionalidade ou mesmo uma moralidade deformada nos
indivíduos que ainda se prestam a fazer coro com os moralistas de moral
casuística.
Na
visão do cidadão comum, que não é corrupto, que está farto de tanta corrupção e
mais farto ainda de oportunistas, esses políticos estão alinhados ou usam o
chantagista, o corrupto Cunha, como agente para apearem do poder a presidente
da República que, por mais falhas que tenha cometido, sejam políticas (a
principal delas foi se deixar ficar refém do partido mais corrupto do nosso
sistema partidário que é o PMDB e não o PT ou o PSDB, como muitos insistem em
fazer crer, ao valorizarem essa pendenga enjoativa do partido azul contra o
partido vermelho), sejam administrativas ou contábeis, como no caso das “pedaladas
fiscais”, para pagar os projetos sociais do governo, jamais teve contra si
qualquer mínima suspeita de corrupção. Aliás, ninguém duvide que toda essa
perseguição que políticos sabidamente envolvidos em tenebrosas transações têm
contra Dilma, inclusive de seu próprio Partido, o PT, decorram, justamente,
dessa sua incorruptibilidade, que por não poderem chama-la de corrupta,
utilizam ataques com conteúdo de gênero para desquialificá-la.
Há
que se separar Dilma do PT, pois ela é muito melhor do ponto de vista da ética,
do que seu partido, este sim, tão culpado quanto o PMDB, o PP, o PSB e o
próprio PSDB, pelos desmandos de corrupção ocorridos na Petrobras nos últimos
20 anos.
Há
que se separar a defesa de Dilma da defesa da democracia, embora Dilma seja,
inegavelmente, uma democrata. Dilma errou e muito! E errou, principalmente,
quando se permitiu ficar refém dos partidos que transformaram nosso país em um
antro de corruptos e corruptores e esse não é um “privilégio” apenas do PT, que
vem governando ladeado pelo PMDB, pelo PP e pelo PSB e, por incrível que
pareça, admitindo a influência de muitos do PSDB em suas decisões de governo e
o ministro tucano da Fazenda de Dilma está aí para não me deixar mentir.
Mas se
Dilma ficou refém desse sistema é porque nós, como povo, colocamos o que há de
pior e mais podre no Congresso Nacional e com isso colocamos, nós mesmos, nossa
democracia em risco.
Cabe a
nós, portanto, salvaguardarmos não o governo Dilma que não merece a nossa
defesa, mas a nossa democracia que não pode ser vilipendiada porque Michel
Temer quer ser presidente sem nunca ter recebido um voto para isso, ou porque
Jarbas Vasconcelos quer, do alto de sua vaidade e arrogância, encerrar sua
carreira política como presidente da Câmara Federal e se tornar o segundo na
linha da sucessão presidencial e quiçá, até venha assumi-la, em alguma viagem
de Temer. Ou, muito menos, porque o PSDB não consegue retomar o poder pelo voto
popular.
Como
tem dito o ex-ministro Ciro Gomes, impeachment não é solução para governo ruim,
aliás, não há previsão constitucional para se destituir presidente por governar
mal, tanto é verdade que péssimos presidentes como José Sarney e o próprio
Fernando Henrique Cardoso, apesar de péssimos, foram suportados pelo povo até o
último dia de seus mandatos. Fazer diferente com Dilma é sim, golpe, pela
simples razão de que não há qualquer crime de responsabilidade que se lhe possa
imputar, ao passo que contra seus acusadores, os libelos acusatórios são
vastíssimos e já tramitam em processos criminais nas mais altas Cortes de nosso
País.
Por Noelia Brito, editora do Blog
Texto certeiro. Preciso!
ResponderExcluirmuito phoda!
ResponderExcluirMuito bom. Qual seria a legenda para esta foto? Dois impolutos personagens da nossa vida política. Quantos anos pegariam caso o mar de lama da vida política de Jarbas Vasconcelos viesse a público e a do irmão do Antonio Campos também? Ainda bem que o povo não é bobo.
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